quinta-feira, 10 de setembro de 2009

... Os dias passam ...



Os dias passam...

Tudo continua seguindo seu caminho...

Não há nada que eu possa mudar nisto...

Com o tempo, tudo voltará ao seu devido lugar...

Nada é eterno...

Hei de recobrar meu equilíbrio novamente.

É questão de tempo...

Infelizmente agora só restam mágoas e mais mágoas...

Não desejo mais me sentir assim...

Não quero mais pedir nada...



Existem sentimentos que se sentem ou não...

Não será o tempo que fará com que eles mudem...

Sentimentos não mudam quando eles nunca existiram...

Amanhã é um novo dia...

Tudo recomeça...

Tudo é passado...

Tudo não valerá mais a pena...

Espero mais que tudo na vida, que o “amanhã” chegue logo!

Isso há de passar!




Florbela Espanca [ Poesias ]




A Minha Dor (Florbela Espanca)

A minha Dor é um convento ideal

Cheio de claustros, sombras, arcarias,

Aonde a pedra em convulsões sombrias

Tem linhas dum requinte escultural.

Os sinos têm dobres de agonias

Ao gemer, comovidos, o seu mal...

E todos têm sons de funeral

Ao bater horas, no correr dos dias...

A minha Dor é um convento. Há lírios

Dum roxo macerado de martírios,

Tão belos como nunca os viu alguém!

Nesse triste convento aonde eu moro,

Noites e dias rezo e grito e choro,

E ninguém ouve... ninguém vê... ninguém...


Anseios (Florbela Espanca)

Meu doido coração aonde vais,

No teu imenso anseio de liberdade?

Toma cautela com a realidade;

Meu pobre coração olha que cais!

Deixa-te estar quietinho! Não amais

A doce quietação da soledade?

Tuas lindas quimeras irreais,

Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!

Ai, vê lá bem, ó doido coração,

Não te deslumbres o brilho do luar!...

Não 'stendas tuas asas para o longe...

Deixa-te estar quietinho, triste monge,

Na paz da tua cela, a soluçar...


Sem remédio (Florbela Espanca)

Aqueles que me têm muito amor

Não sabem o que sinto e o que sou...

Não sabem que passou, um dia, a Dor

À minha porta e, nesse dia, entrou.

E é desde então que eu sinto este pavor,

Este frio que anda em mim, e que gelou

O que de bom me deu Nosso Senhor!

Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos de Dor, essa cadência

Que é já tortura infinda, que é demência!

Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,

A mesma angústia funda, sem remédio,

Andando atrás de mim, sem me largar!